Trump não pode desligar o GPS do seu iPhone — entenda por quê

Mesmo que os EUA limitassem o sinal do GPS, os iPhones continuariam funcionando normalmente graças a múltiplas tecnologias de localização.

Nos últimos dias, circula nas redes sociais brasileiras uma ideia alarmista: de que Donald Trump poderia retaliar o Brasil por decisões diplomáticas desfavoráveis, “desligando o GPS” em território nacional. Isso impediria pedir uma comida pelo delivery ou permitir que você usasse apps como o Waze para se locomover.

A teoria, que mais parece ter saído de um roteiro de filme de Hollywood, não resiste a uma análise técnica mínima.

Neste artigo, explico por que isso não só é altamente improvável, como também inútil na prática — graças à arquitetura robusta de localização que oferece alternativas muito além do GPS, as quais nossos iPhones são plenamente compatíveis.

GPS não é a única fonte de localização do iPhone

Ao contrário do que muitos pensam, o GPS americano não é o único sistema que permite que o iPhone saiba onde você está.

O aparelho da Apple utiliza posicionamento multiconstelação, também conhecido como GNSS (Global Navigation Satellite System), que combina vários sistemas de satélite ao redor do mundo:

  • GPS (EUA)
  • Galileo (União Europeia)
  • GLONASS (Rússia)
  • QZSS (Japão)
  • BeiDou (China) – presente nos modelos mais recentes

Essa abordagem faz com que o iPhone consiga alternar entre sistemas ou usar todos ao mesmo tempo.

Portanto, se o sinal de uma constelação for degradado ou bloqueado, outras assumem o papel de fornecer dados de localização.

Desligar o GPS seria um tiro no próprio pé

Mesmo que o governo dos EUA quisesse degradar ou desligar o sinal do GPS em uma região — algo tecnicamente possível — os impactos seriam muito maiores que qualquer tentativa de prejudicar o Brasil:

  • Aviões e navios comerciais perderiam navegação de precisão em toda a região (não apenas no Brasil). Isso significaria um prejuízo enorme para as empresas aéreas americanas, que mantém diariamente milhares de voos na América do Sul.
  • Sistemas financeiros que dependem de relógios atômicos sincronizados via GPS seriam afetados
  • Agricultura de precisão, telecomunicações e logística global seriam prejudicadas não só no Brasil, mas em uma grande área do globo.

Então por que essa ideia circula?

A narrativa que se espalhou nas redes sociais ignora dois fatores fundamentais:

  1. Não é possível “desligar” seletivamente o GPS apenas para o Brasil.
  2. O GPS americano não é a única opção no mundo — outros países investiram seriamente em programas espaciais para criar sua própria rede de satélites.

Trata-se de uma ideia sensacionalista que explora medos e tensões políticas, sem respaldo técnico ou político. Acredita quem quer.

Quer tirar a dúvida? Há aplicativos de celular que mostram a você, em tempo real, quais satélites estão disponíveis na sua região, como o GNSS View.

No momento em que este artigo estava sendo escrito, por exemplo, havia mais satélites chineses, europeus e russos sobre a minha cidade do que os do GPS americano.

Tem muito mais satélites europeus russos e chineses sobre o Brasil do que americanos

Portanto, é bem provável que, na maior parte do tempo, o iPhone (ou outro celular) nem use os satélites de GPS para informar a localização da sua pizza que chegará em 9 minutos.

É tudo FUD

O termo FUD (Fear, Uncertainty and Doubt) é uma estratégia (muitas vezes mal-intencionada) de espalhar desinformação ou mensagens alarmistas para manipular a opinião pública, desacreditar algo ou causar hesitação.

Mesmo em um cenário extremo e altamente improvável em que os Estados Unidos degradassem o sinal do GPS no mundo todo, os iPhones continuariam funcionando normalmente em seus recursos de localização.

Isso porque a Apple projetou seus dispositivos com múltiplas camadas de redundância: satélites internacionais, redes locais, sensores internos e uma rede colaborativa de aparelhos.

A teoria de que Trump poderia desligar o GPS em território brasileiro é tecnicamente incoerente, economicamente inviável e, na prática, irrelevante para quem usa um iPhone (e provavelmente qualquer outro smartphone moderno).

Se você quer se aprofundar mais nos detalhes técnicos sobre este assunto, sugiro ler o excelente artigo que o Carlos Cardoso escreveu para o MeioBit. Lá, ele é muito mais competente do que eu em explicar os detalhes mais técnicos do porquê essa teoria que circula nas redes foi criada apenas para te enganar.

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