A Apple está em negociações para adquirir os direitos de transmissão da Fórmula 1 nos Estados Unidos, segundo reportagem publicada pelo Financial Times.
Não por acaso, esse interesse acontece no momento em que F1: O Filme, estrelado por Brad Pitt, se torna um enorme sucesso nos cinemas, com mais de US$ 300 milhões arrecadados em bilheteria ao redor do mundo só nas primeiras semanas.
Caso o acordo se concretize, a Apple entrará em concorrência direta com a Disney, que atualmente transmite a F1 nos EUA por meio da ESPN.
O contrato vigente, avaliado em US$ 85 milhões por ano, previa uma cláusula de exclusividade para renovação — mas ela expirou em 2023, abrindo caminho para propostas de outros players.
Mas engana-se quem acredita que foi o sucesso do filme que despertou esse interesse na Apple. Na verdade, foi bem o contrário e é essa análise mais profunda que você verá aqui no BDI.

Miniatura Ayrton Senna McLaren MP4
O carro mítico pilotado por Ayrton Senna na temporada de Fórmula 1 de 1990.
Valor dos direitos pode ultrapassar US$ 121 milhões
O interesse crescente dos americanos pela Fórmula 1 deve inflacionar os valores. E a Apple ajudou nisso.
A audiência média passou de 554 mil espectadores por corrida em 2022 para cerca de 1,3 milhão nas dez primeiras etapas de 2025. Com isso, analistas estimam que o novo contrato de transmissão nos EUA pode superar os US$ 121 milhões por ano.
A Liberty Media, dona americana da Fórmula 1, aposta no impacto de produtos como o filme da maçã e a série da Netflix Drive to Survive para justificar esse aumento.
E ainda conta com sua própria plataforma de streaming pago, o F1TV, como parte de uma estratégia multiplataforma que amplia a competição entre emissoras e serviços de assinatura.
O interesse da Apple na F1 é antigo
Apesar de o atual sucesso do filme ter chamado atenção, o interesse da Apple na Fórmula 1 não é novidade.
Desde 2022, quando começou a transmitir jogos da MLB no Apple TV+, já circulavam rumores de que a empresa visava também a principal categoria do automobilismo mundial.
Naquela época, o contrato da F1 com a ESPN ainda estava blindado por uma cláusula de exclusividade. Mas a Apple já se preparava para o cenário pós-2023, quando o campo estaria aberto para novos concorrentes.
Isso fazia parte de uma estratégia mais ampla: transformar o Apple TV+ em uma plataforma global de entretenimento e esportes premium, indo além das séries e filmes originais.
A Apple preparou o terreno
Em vez de esperar pela próxima rodada de negociações, a Apple tomou uma atitude ousada: produzir um blockbuster sobre Fórmula 1 antes mesmo de possuir os direitos de transmissão do campeonato.
O objetivo de F1: O Filme não era apenas lucrar nas bilheteiras (embora tenha conseguido isso). A intenção era valorizar a Fórmula 1 como produto midiático, atrair novos públicos e fortalecer o apelo da marca F1 diante do mercado e dos anunciantes.
Ou seja, a Apple criou uma narrativa para fortalecer o valor de algo que ela já queria comprar. Uma estratégia digna de um plano de longo prazo.
Assim como a Netflix fez com Drive to Survive, a Apple aumentou o prestígio da F1 antes de sentar à mesa das negociações.

Miniatura 2024 Race Oracle Red Bull RB20 Verstappen
Veículo de corrida Red Bull Oracle 2024 em miniatura, licenciado, acompanhado de capacete, em escala 1/43.
E no Brasil?
Enquanto a Apple se move para disputar os direitos de transmissão da Fórmula 1 nos Estados Unidos, a situação no Brasil também está em suspense.
Desde 2021, a Band é a responsável pelas transmissões tanto na TV aberta quanto no canal por assinatura BandSports. No entanto, o contrato atual vai até o fim de 2025 — e os bastidores já apontam para um possível retorno da Globo ao comando das transmissões.
A emissora carioca, que transmitiu a F1 por décadas e consolidou a audiência do esporte no país, demonstrou interesse em recuperar os direitos após dificuldades financeiras da Band em manter os custos da operação.
Ainda não há confirmação oficial, mas especula-se que 2026 pode marcar a volta da Fórmula 1 à Globo, o que reforçaria sua presença multiplataforma com TV aberta, SporTV e Globoplay.
Então, no momento essa investida da Apple visa apenas o público norte-americano.
E se você curte acompanhar a temporada, lembre-se que existe nosso tradicional Calendário Interativo de F1 que é atualizado todos os anos com todos os horários das corridas, direto no calendário do iOS. 😉